Todos os adultos conhecem o cheiro dos genitais femininos; ainda que nem todas cheiram igual. Alguns cheiros de vagina recordam aromas doces e ligeiramente acres. Outros, no entanto, são associados aos eflúvios mefíticos de uma cloaca. A cultura popular estigmatizou estes aromas fortes do sexo feminino com expressões do tipo "cheiro de peixe" e daí originaram piadinhas como a do cego que passa na frente de uma peixaria e diz: - "Bom dia, senhoras".
Talvez seja questão de higiene, mas não mais que a higiene de nossas ideias preconcebidas e da lavagem cerebral a que fomos submetidos. A gente costuma imaginar uma vagina como um reduto de germes que deve de ser lavada com dedicação e exaustão com uma escova de aço até que dela desapareça qualquer cheiro ou lubrificação. Na realidade não é bem assim. A flora vaginal está repleta de germes, é verdade, mas os germes passeiam tranquilamente por todos os órgãos de nosso corpo -dias atrás vimos que a própria boca tem quase mil bactérias-. O importante é esclarecer que tipo de germes são, porque a total ausência deles também é nociva. Em condições saudáveis, por exemplo, as bactérias da vagina têm uma função benéfica.
Uma vagina de cheiro desagradável nem sempre é sinônimo da falta de higiene. Na realidade o excesso de higiene neste caso é pior que a falta de higiene, pois destrói a imprescindível flora vaginal. Um cheiro fétido pode ser produzido pelo que se chama vaginose bacteriana, uma infecção que produz compostos como a trimetilamina, que curiosamente é a mesma substância que outorga seu cheiro ao peixe não muito fresco. Também encontraremos putrescina, que é encontrada na carne putrefata, e a cadaverina, que todos já devem estar imaginando de onde origina o nome.
Uma vagina saudável deve estar povoada por uma colônia de lactobacilos, isso mesmo, as mesmas bactérias que encontramos no danoninho, que vivem ali dentro, protegidos do exterior, quentes, bem alimentados pelas proteínas e os açúcares do tecido, e em troca proporcionam proteção em relação a bactérias invasoras gerando desinfetantes como o ácido láctico e o peróxido de hidrogênio. Por isso uma vagina saudável desprende um aroma similar ao do ácido láctico do iogurte e possui um pH de 3,8 ao 4,5, mais ou menos o mesmo de um copo de vinho com buquê incorpado.
O fluxo vaginal, por sua vez, possui uma composição parecida à do soro. Água, albumina, glóbulos brancos e mucina, a substância que outorga o gel brilhante à vagina. O fluxo vaginal, nesse sentido, não tem nada a ver com a urina, só é um lubrificante, como o que provoca que nossos olhos não se ressequem ou que nossa língua não pareça um pedaço de cortiça.
Outro dos desencadeantes da vaginose bacteriana, além do excesso de higiene, são os homens. Em concreto, seu sêmen. A ejaculação masculina no interior da vagina também pode prejudicar a flora vaginal. Ao que parece, os espermatozoides não são capazes de nadar no meio ácido de uma vagina saudável, de modo que vêm envolvidos em uma solução alcalina, que incrementa o pH da vagina, favorecendo a invasão de bactérias não desejadas.
Normalmente, uma simples relação não provoca esta reação, pois a vagina recupera seu pH com bastante facilidade, mas os riscos aumentam quando se mantêm muitas relações sexuais com parceiros diferentes, já que as defesas imunológicas, então, não funcionam tão bem. De modo que antes de dizer de forma apressada que uma vagina cheira a pescado, talvez teria que se propor se na realidade o responsável por esse cheiro não foi o sêmen de um homem. Ou melhor dizendo, d o sêmen de muitos homens diferentes.
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